Prêmio Pritzker é o reconhecimento mais importante que um arquiteto (a) pode receber em vida. O prêmio surgiu em 1979, uma iniciativa de Jay Pritzker através da Fundação Hyatt, e a partir daí foram 40 edições ininterruptas!


Segundo a organização responsável pela premiação, os arquitetos escolhidos devem ter contribuído para a humanidade ao longo dos anos através de seus trabalhos. Sempre são premiadas pessoas, e não escritórios, por este motivo, quando a organização escolhe um escritório, o premiado é o seu fundador – ou fundadores.


Nessas últimas 40 edições, apenas 3 mulheres receberam o prêmio, Zaha Hadid (2004), Kazuyo Sejima (2010) e Carme Pigem (2017). Em 2012, Lu Wenyu, sócia e esposa do ganhador Wang Shu, recusou a proposta para compartilhar o prêmio com o sócio.


Metade dos premiados até o momento são europeus, e até hoje nenhum arquiteto africano recebeu, sendo o único continente a não possuir representantes do Pritzker. No Brasil, somos representados por Paulo Mendes da Rocha (2006) e Oscar Niemeyer (1988). Será que esse ano as estatísticas mudam?


Tradicionalmente, o prêmio é divulgado no início do ano, então estamos perto de conhecer o mais novo premiado com um Pritzker! Enquanto aguardamos o prêmio de 2019, vamos conhecer os últimos 5 premiados e algumas de suas obras:

2018: Balkrishna Doshi


Balkrishna Doshi


Nascido na Índia, há 91 anos, Doshi se tornou o primeiro arquiteto indiano a vencer o prêmio mais honroso da arquitetura no mundo. Trabalhou com grandes nomes, como Le Corbusier e Louis Kahn, e, depois de muitas lições aprendidas com os mestres, fundou

seu escritório (Vastushilpa Consultants) em 1956.


Sangath Architects Studio, estúdio do próprio Balkrishna Doshi, na Índia


Em mais de 100 projetos realizados durante a sua carreira, seus projetos de habitações sociais se destacaram e foram citados pelo júri do Pritzker na citação do prêmio. Em 1950, após concluir o primeiro projeto desse tipo, Doshi disse que deveria fazer um juramento para lembrar durante sua vida a proporcionar à classe mais baixa habitações adequadas, e conseguiu realizar ao longo da sua carreira.


Habitações de baixo custo Aranya, em Indore, na Índia


“Minhas obras são uma extensão da minha vida, filosofia e sonhos tentando criar o tesouro do espírito arquitetônico. Eu devo esse prêmio de prestígio ao meu guru, Le Corbusier. Seus ensinamentos me levaram a questionar a identidade e me obrigaram a descobrir uma nova expressão contemporânea regionalmente aceitável para um habitat holístico sustentável”

– Balkrishna Doshi

2017: Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramon Vilalta – RCR Arquitectes


Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramon Vilalta


Trabalhando juntos desde 1988 como RCR Arquitectes, os arquitetos foram o primeiro trio a receber um Prêmio Pritzker. Seus projetos destacam a materialidade e as técnicas construtivas, abrindo uma ampla gama de programas, de museus a residências.


Row House, em Olot, cidade natal do trio


Os três são catalães, da cidade de Olot, e formaram-se em arquitetura um ano antes da abertura do escritório. A maioria das suas obras está na Europa, em especial na península ibérica e Espanha. Seus projetos incluem materiais como aço, vidro, e até mesmo terra em seu estado mais primitivo.


Adegas Bell Lloc, na Espanha


Em 2013 fundaram a Fundação RCR BUNKA para apoiar a arquitetura, a paisagem, as artes e a cultura em toda a sociedade. O próprio júri do prêmio publicou na sua citação: “Todas as suas obras carregam um sentido de lugar e são fortemente ligados à paisagem circundante. Esta conexão vem da compreensão – da história, topografia natural, costumes e culturas, entre outras coisas – e da observação e experimentação da luz, sombras, cores e estações.”

2016: Alejandro Aravena


Alejandro Aravena


Nascido no Chile em 1967 (51 anos), Alejandro foi o primeiro do seu país a receber o prêmio. Além dos seus projetos de obras privadas, públicas e educacionais, o arquiteto, assim como Doshi, projetou habitações sociais através do escritório ELEMENTAL, sendo mais de 2.500 unidades!


Habitações Sociais Villa Verde, no Chile


Além do Prêmio Pritzker, Aravena recebeu outros diversos, como o prêmio RIBA Charles Jencks (2018) e o Prêmio de Gotemburgo para o Desenvolvimento Sustentável (2017).


Dormitórios da Universidade St. Edward, nos Estados Unidos


Em entrevista à Revista AOA, em 2017, o arquiteto respondeu à pergunta “O que definiria, então, uma boa obra?” da seguinte forma:

“É aquela capaz de sintetizar um espectro ou camadas de variáveis que partem em questões absolutamente práticas e concretas. Os Starchitect são criticados por se preocuparem com a dimensão icônica da arquitetura, respondendo ao estritamente disciplinar quando devem se preocupar também com os problemas das pessoas. Mas se consideramos somente os problemas e abandonamos a dimensão artística do projeto, ele também está incompleto. […]”

2015: Frei Otto


Frei Otto, falecido em 2015, dias antes de receber o Prêmio Pritzker


Frei Otto foi um arquiteto e engenheiro alemão conhecido por suas estruturas leves e tensionadas. O júri o selecionou como vencedor do prêmio, sendo antecipado – a divulgação era prevista para 23 de março – pelo seu falecimento no dia 9 do mesmo mês.


Entre suas principais obras, destaca-se o Pavilhão Alemão da Expo Montreal de 1967, cuja estrutura foi fabricada na Alemanha e montada na cidade canadense, sendo considerada um ícone por sua graça e originalidade. Esse trabalho demonstra a importância da tecnologia, e da produção em massa na arquitetura.


Pavilhão Alemão da Expo Montreal, no Canadá


Também realizou a cobertura do Estádio Olímpico de Munique para as Olimpíadas de 1972, enfrentando um grande desafio que muitos não acreditavam ser cumprido. A estrutura ondulante tinha como objetivo apresentar uma Alemanha mais suave, e permanece de pé até hoje. Além de cumprir a sua função de cobertura, ela transforma o ambiente e faz um desenho deslumbrante, tanto para quem vê de dentro, quanto para quem vê de fora.


Estádio Olímpico de Munique, na Alemanha – Vista aérea

Estádio Olímpico de Munique – Vista interna

2014: Shigeru Ban



Shigeru Ban – Foto: Site Brittanica


O japonês, nascido em 1957, venceu o prêmio por sua significativa contribuição às inovações na arquitetura e filantropia. Marcado pela sua sofisticação estrutural e uso de técnicas e materiais pouco convencionais, como papel, madeira, tecido e contêineres de carga. Ban não somente cria projetos luxuosos, mas também soluções residenciais rápidas, econômicas e sustentáveis para pessoas refugiadas ou sem abrigo.


Habitação pós-tsunami, Sri Lanka

Disposto a encontrar caminhos alternativos para edificações eficientes, o arquiteto projetou uma série de construções utilizando tubos de papelão. Além da inovação do próprio material, o uso do material também propõe um novo design, é leve, barato e renovável.


Igreja de Papel


Lista completa dos ganhadores até 2018:


1979: Philip Johnson

1980: Luis Barragán

1981: James Stirling

1982: Kevin Roche

1983: Ieoh Ming Pei

1984: Richard Meier

1985: Hans Hollein

1986: Gottfried Böhm

1987: Kenzo Tange

1988: Oscar Niemeyer e Gordon Bunshaft

1989: Frank Gehry

1990: Aldo Rossi

1991: Robert Venturi

1992: Álvaro Siza Vieira

1993: Fumihiko Maki

1994: Christian de Portzamparc

1995: Tadao Ando

1996: Rafael Moneo

1997: Sverre Fehn

1998: Renzo Piano

1999: Norman Foster

2000: Rem Koolhaas

2001: Pierre de Meuron e Jacques Herzog

2002: Glenn Murcutt

2003: Jørn Utzon

2004: Zaha Hadid

2005: Thom Mayne

2006: Paulo Mendes da Rocha

2007: Richard Rogers

2008: Jean Nouvel

2009: Peter Zumthor

2010: Kazuyo Sejima e Ryūe Nishizawa

2011: Eduardo Souto de Moura

2012: Wang Shu

2013: Toyo Ito

2014: Shigeru Ban

2015: Frei Otto

2016: Alejandro Aravena

2017: Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramón Vilata

2018: Balkrishna Doshi



Foto do Shigeru Ban –Site Brittanica

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