16/08/2024 - Comunicação NCD
Pare um segundo e pense: existe um lugar em que você tem certeza de
pertencimento? Na era digital podemos estar em vários ambientes ao mesmo tempo,
mas aquela sensação de um cheiro, um sofá, uma cor de cortina que lembra a casa
da avó, o quarto da infância ou simplesmente um cantinho da nossa história que
a gente sempre amou estar e permanecer. É quase uma poesia que a gente constrói
com os espaços trazendo memórias que acalmam, energizam e criam felicidade por
meio de uma percepção sensorial de um determinado elemento do ambiente.
A memória afetiva é um vínculo entre as gerações e a cronologia. Uma
casa, por exemplo, possibilita que as pessoas sejam parte do contexto e
aproxima os habitantes da trajetória do lugar e dos caminhos percorridos pelos
nossos ascendentes. “O tombamento é uma
ação administrativa do Poder Executivo que começa pelo pedido de abertura do
processo, por iniciativa de qualquer cidadão ou instituição pública. Qualquer
pessoa física ou jurídica pode solicitar aos órgãos responsáveis pela
preservação o tombamento de bens culturais ou naturais”. Um processo de
avaliação técnica que protege um bem cultural, valoriza e divulga a essência do
espaço construído que resiste em todas as regiões catarinenses.
No sul do estado a cidade de Nova Veneza têm edificações que retratam mais
de 120 anos do processo construtivo da imigração italiana. As casas de pedra
retratam a arquitetura ítalo-brasileira. A Casa Centenária de Pedra e a Casa Strauss construídas
em alvenaria, que mistura pedra e tijolos são edificações tombadas pelo
Patrimônio Histórico e Cultural do Estado na cidade de Pedras Grandes em 1998. As
edificações ficam na cidade de Pedras Grandes também no sul do estado.
As casas Enxaimel são uma representação dos traços que preserva a forte
influência cultural germânica no Vale do Itajaí. A permanência da arquitetura
tradicional elaborada pela técnica Enxaimel revela um modo de construir com
estruturas de madeira que se encaixam e são completadas com tijolos em seus
vãos. Uma pesquisa de levantamento de casas enxaimel históricas e
autênticas do Iphan mostra que em existem 226 casas enxaimel nas ruas de
Blumenau. Na cidade vizinha Pomerode está a Rota do Enxaimel, considera a maior
concentração fora da Europa de casas construídas com a técnica trazida pelos
imigrantes alemães. Um percurso de 16km com cerca de 50 tombadas como
patrimônio paisagístico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional.
No norte de Santa Catarina a casa dos agricultores Gustav e Josefina Eichendorf, construída no final do século XIX, na estrada Dona Francisca marca o processo de colonização em São Bento do Sul e a vinda dos imigrantes. O imóvel centenário construído com dois sistemas estruturais: enxaimel e alvenaria autoportante de tijolos aparentes, preserva histórias do casal e dos descentes.
A Casa histórica da família Bertaso, construída na década de 1920 na
região central de Chapecó, traduz a essência da preservação do patrimônio
arquitetônico da região Oeste de Santa Catarina. A edificação construída para moradia
e escritório da empresa hoje está no Parque de Exposições Tancredo Neves, no
bairro Efapi. O deslocamento da construção aconteceu em 1191 e deu origem ao
Museu da Colonização de Chapecó.
No litoral Norte a cidade de Itajaí concentra 19 construções tombadas
e que contam a história da cidade. O Palácio Marcos Konder, atualmente Museu
Histórico, é um prédio de 1925 e retrata
arquitetonicamente a formação política e econômica da cidade. A Igreja
Santíssima Sacramento, inaugurada em 1955, é uma construção com 700 mil
tijolos, artisticamente organizados numa área de 30m de largura por 60m de
comprimento.
Na capital de Santa Catarina está um símbolo do patrimônio histórico e
cultural. A Ponte
Hercílio Luz, construída entre 1922 e 1926, surgiu como único
meio de transporte entre o continente e a ilha de Florianópolis era o marítimo.
É uma ponte pênsil de aço, sobre pilares de concreto, a maior do Brasil neste
estilo, é atualmente a mais longa do mundo com sistema de barras de olhal, com
um vão central de 339 metros e uma extensão total de 821 metros.
Já em no Mato Grosso do Sul, o complexo ferroviário da antiga
Estrada de Ferro Noroeste do Brasil de Campo Grande é tombado
pelo Iphan desde 2009. São 22,3 hectares e 135 edifícios em alvenaria e
madeira, tem importante papel geopolítico e de integração nacional, aproximação
política e econômica do sul do Estado com São Paulo e a urbanização do
início da cidade.
O patrimônio é herança que traz
identificação. As construções são memória, arte e também arquitetura e
urbanismo. É simbologia e tecnologia que traz resguardo
e cuidado da história e da cultura. As construções carregam um pedaço da nossa
história e trazem a identificação e preservação dos valores históricos, de
memória e paisagísticos.
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